Uma importante Estrada Sagrada que conduz ao santuário de Hécate na antiga Lagina foi desenterrada por arqueólogos no oeste da atual Turquia. A informação é da Agência Anadolu.
A descoberta foi realizada pela equipe liderada por Bilal Söğüt (Universidade de Pamukkale) e é considerada uma raridade. A antiga estrada ligava duas importantes cidades da Grécia Antiga, Estratoniceia e Lagina. Esta última abrigava um famoso templo dedicado à deusa da lua, da noite e associada à magia. Ambas as cidades permaneceram sob ocupação contínua desde o Período Helenístico até os dias de hoje.
Templo de Hécate em Lagina | via Agência Anatolu
Durante vários séculos, a Estrada Sagrada teve um papel fundamental na vida religiosa e cultural das comunidades da antiga província da Cária (hoje Mugla).
Estradas sagradas
Numerosas cidades gregas possuíam estradas ou vias sagradas, incluindo Atenas. Elas eram comumente utilizadas para procissões rituais durante festivais religiosos importantes. Lagina era um importante centro religioso, ao passo em que Estratoniceia era reconhecida por sua grande relevância política.
“A ‘Estrada Sagrada’ foi utilizada como um caminho cerimonial para o santuário de Hécate em Lagina desde a Antiguidade até o presente”.
A estrada antiga passando por uma colina em Estratoniceia | Bilal Söğüt
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As ruínas do Templo de Hécate podem ser visitadas até os dias de hoje. Söğüt fez uma descrição da procissão quando a estrada era utilizada com função religiosa.
“Nos tempos antigos, sacerdotes de Lagina participavam de cerimônias com uma garota portando a chave na frente e um coro por trás, caminhando pela Estrada Sagrada até o Portão Norte da cidade de Estratoniceia.”
Portão Norte da cidade de Estratoniceia | Bilal Söğüt
Existem planos para restaurar a Estrada Sagrada. A equipe que está trabalhando no local pretende remover toda a terra que a recobre, um processo bastante trabalhoso. Uma vez concluída a operação, será possível aos visitantes contemplarem a estrada em sua pedra original pela primeira vez em muitos séculos.
Túmulos antigos
Mais cedo este ano, túmulos foram escavados na região, indicando um costume de enterrar pessoas proeminentes próximo à estrada. Há igualmente planos para restaurar os locais dos sepultamentos, que constituem alguns dos vestígios mais importantes das duas cidades históricas.
“Queremos exibir os túmulos mais importantes em seus locais originais, para manter vivas as tradições funerárias da estrada sagrada.”
Mosaicos revelados pelos trabalhos dos arqueólogos no santuário de Hécate | Bilal Söğüt
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A descoberta da antiga estrada pode ajudar essa paisagem cultural antiga a alcançar o status de Patrimônio da Humanidade. No momento, ela encontra-se na “Lista Provisória” da UNESCO, o que significa que está sendo ativamente considerada para indicação ao prestigioso status pelo governo turco.
Hécate
Hécate é associada à magia e à feitiçaria, à lua, noite, luz, às encruzilhadas, entradas, fantasmas, à necromancia, ao conhecimento das ervas e plantas venenosas. O centro de origem de seu culto é comumente apontado como a Trácia antiga ou mesmo a própria Cária. Não era considerada uma deusa maior quando comparada aos doze Deuses Olímpicos, mas seus adoradores originais atribuíam a ela o poder sobre o céu, a terra e os mares.
A deusa detinha o poder de conceder riqueza, boa sorte e sabedoria àqueles que ela favorecia, bem como de retirar essas dádivas daqueles que considerasse indignos. Ela era honrada por todos os deuses, incluindo Zeus. Por ter se aliado aos Deuses Olímpicos durante a Titanomaquia (a guerra entre Titãs, liderados por Cronos, e os Deuses Olímpicos, liderados por Zeus), foi a única integrante da antiga ordem a reter os poderes após a derrota dos Titãs.
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Hécate (c. 1890) | Ilustração: Alexander S. Murray | via Greek Mythology Link
As representações artísticas são reveladoras de suas atribuições. Ela era representada portando uma tocha em cada mão, em alusão ao seu papel no mito da abdução de Perséfone por Hades, ao acompanhar Deméter em sua busca pela filha no submundo. Ali, Hécate viria a se tornar acompanhante de Perséfone.
Foi representada também portando uma chave, em associação às entradas, além de outros objetos. Além disso, foi retratada mais tardiamente como uma divindade com três corpos, olhando para todas as direções. A descrição é, sem dúvida, bastante apropriada para uma deusa associada às encruzilhadas.
Outras fontes consultadas: Ancient Origins
