Restauradores do Landesmuseum em Halle, Alemanha, determinaram em 1.700 anos a idade do fragmento encontrado de um escudo que pertenceu a um chefe germânico. A informação é do The Art Newspaper.
O escudo pintado de madeira foi escavado de uma tumba principesca pertencente a um chefe germânico em Gommern, próximo à cidade de Magdeburgo. A sepultura foi descoberta originalmente na década de 1990. Seu ocupante morreu com cerca de 30 anos, embora sua identidade ainda seja desconhecida.
A datação, realizada pelos restauradores do museu localizado no município de Halle, apontou que a arma é do final do século III d.C. sendo, portanto, considerada a mais antiga pintura sobre painel da Alemanha.
De acordo com o historiador romano Tácito, em sua obra Germania, os guerreiros germânicos não eram dados a fabricar e utilizar armas esplendorosas. No entanto, abriam uma exceção para seus escudos, “que são pintados de forma diversificada com cores especialmente selecionadas”.
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Esses escudos constituem a origem da pintura sobre painéis na Alemanha, o que pode ser constatado através de análises linguísticas. A palavra alemã para escudo, Schild, aparece no verbo schildern (descrever, retratar, pintar), bem como na palavra holandesa para pintura, schilderij.
Segundo Christian-Heinrich Wunderlich, diretor da oficina de restauração do Landesmuseum, o escudo de madeira apodreceu, de forma que as imagens que o ilustravam desapareceram. No entanto, fragmentos de tinta puderam ser detectados. Com o auxílio de um microscópio, os pigmentos foram identificados como “azul egípcio”, amplamente utilizados no Império Romano, bem como vermilion, disponível apenas em alguns locais do Mediterrâneo na época.
“Esses pigmentos não eram baratos e devem ter sido importados do Império Romano.”
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As análises microscópicas revelaram que as tintas foram aplicadas em camadas. A madeira foi preparada com giz e cal para criar uma superfície lisa, permitindo a aplicação da tinta. Wunderlich acrescenta que o escudo teria cerca de 1,30 m de diâmetro originalmente e, provavelmente, foi pintado em ambas as faces.
A tumba foi considerada a descoberta mais importante do gênero dentre aquelas que datam do final do período romano na Alemanha central.
Juntamente com o escudo, os arqueólogos descobriram um anel de pescoço e um broche, ambos de ouro, cintos de prata, esporas, uma faca, moedas, pontas de flechas, copos, um vaso de bronze para misturar vinho e um banquinho de bronze. Muitos desses itens são de origem romana. Wunderlich diz que os guerreiros germânicos adquiriram esses objetos em pagamento por seus serviços como mercenários ou em expedições de pilhagem.
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Outros itens, como uma fivela com um escudo de prata, compartilham semelhanças com descobertas realizadas na Escandinávia. Isso sugere alguma forma de intercâmbio com a península do Norte da Europa.
O fragmento de escudo integrará uma nova exibição permanente do Landesmuseum sobre o período do Império Romano, que será inaugurada ainda este ano.