Arqueólogos descobriram na Inglaterra um mosaico romano considerado bastante raro pelos especialistas e que retrata cenas da mitologia grega. A informação é da BBC.
O mosaico foi encontrado originalmente em 2017, em uma vila em West Berkshire, Inglaterra e data do século IV d.C. No entanto, apenas agora ele foi inteiramente revelado. Segundo Anthony Beeson, especialista em arquitetura e arte grega e romana, o achado é um dos três únicos do gênero que se tem conhecimento.
O arqueólogo Matt Nichol, envolvido nas escavações, o descreveu como “sem igual” em termos de iconografia.
“Tem sido algo bastante extraordinário, não apenas para mim, mas para todos os envolvidos.
Há um autêntico entusiasmo com este projeto. Nunca vi isso em nenhum projeto em que trabalhei.”
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O mosaico será exposto ao público no sábado (31). No entanto, será cuidadosamente reenterrado em seguida, pois o local onde foi encontrado é uma área de cultivo agrícola privada.
Joy Appleton, do Projeto História de Boxford, também deu seu testemunho sobre o achado.
“Excede completamente as nossas expectativas. Sabemos agora que se trata de um mosaico sem igual, mas encontrá-lo aqui na pequena e velha Boxford é algo grandioso.”
Ela acrescentou que há várias descobertas na área relacionadas à Idade do Ferro, à Idade do Bronze e aos saxões. No entanto, essa é a primeira vez que algo ligado aos romanos é encontrado.
Além do mosaico, foram encontrados objetos metálicos como o que parece ser um brinco de cobre, um broche, uma moeda com a efígie do Imperador Constâncio II, bem como ossos humanos.
Anthony Beeson disse que o mosaico apresenta cenas da mitologia grega, como o herói Belerofonte com o Pégaso enfrentando a Quimera. No entanto, ele acrescenta que o destaque maior é dado para a história de Pélope e sua corrida para ganhar a mão da Princesa Hipodâmia.
Pélope e Hipodâmia
Pélope é filho de Dione, filha do titã Atlas, e Tântalo, Rei de Sipylus, na Lídia. Este, por sua vez, é filho de Zeus com a Princesa Plota.
Pélope foi esquartejado pelo pai, que ofereceu as partes do corpo do filho aos deuses em um banquete. Deméter, a única a experimentar a “refeição”, comeu o ombro esquerdo de Pélope. No entanto, a atitude de Tântalo foi condenada pelos demais Deuses do Olimpo, que resolveram trazê-lo de volta à vida. Então, Hefesto, deus dos escultores, artesãos e do fogo, construiu para ele um ombro de marfim.
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Encantado por Pélope, Poseidon resolveu levá-lo para o Olimpo, onde ele se tornaria seu aprendiz. Mais tarde, Pélope retornaria ao mundo dos mortais, onde acabou por apaixonar-se por Hipodâmia, filha do Rei Enomau da Élida (ou Pisa, em outras versões), que tinha Olímpia como sua principal cidade.
Enomau, tendo sido informado em uma profecia de que seu futuro genro causaria sua morte, fez todos os pretendentes competirem contra ele em uma corrida de carros, mas os colocou em desvantagem ao fazer com que a princesa os acompanhasse em seus veículos, distraindo-os. Os perdedores, 30 no total, foram decapitados e suas cabeças foram postas em exibição.
Pélope pediu a Enomau a mão se sua filha em casamento, que impôs a mesma condição ao novo pretendente. Enomau estava confiante de sua vitória, pois possuía excelentes cavalos, cedidos a ele por Ares, seu pai, além de contar com o experiente cocheiro Mírtilo.
Pélope resolveu pedir auxílio a Poseidon, que forneceu-lhe um carro puxado por cavalos alados. Ele resolveu também subornar Mírtilo, prometendo-lhe metade do reino que herdaria e uma noite com Hipodâmia, por quem o cocheiro era apaixonado.
Mírtilo aceita a proposta e sabota o carro de Enomau, que morre durante a corrida.
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Entretanto, Mírtilo tentou agarrar Hipodâmia à força. Ela conta o acontecido a Pélope, que mata o cocheiro, atirando-o de um penhasco no mar, não sem antes que este último lançasse uma maldição contra o casal, afetando toda a sua descendência.
É dito que os jogos realizados em homenagem póstuma ao Rei Enomau dariam origem às Olimpíadas. Além disso, a península do Peloponeso é nomeada em referência a Pélope (Peloponnesos significa “ilha de Pélope”), que expandiu seu poder ao longo do território ao tornar-se rei.
Referências
- ASSUMPÇÃO, L. F. B. O Mito de Pélops e o Peloponeso Grego. In: I Congresso Internacional de Religião, Mito e Magia no Mundo Antigo, 2010, Rio de Janeiro. Anais do I Congresso Internacional de Religião, Mito e Magia no Mundo Antigo ISSN: 1984-3615. Rio de Janeiro: NEA/UERJ, 2010. v. 01. p. 169-187. Disponível em: https://www.academia.edu/2131581/O_Mito_de_Pélops_e_o_Peloponeso_Grego. Acesso em: 30 de ago. de 2019.
- GRIMAL, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 612 p.