Os dois dragões de prata dourada escavados na tumba de um aristocrata xiongnu. | via Xinhuanet
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Encontrados artefatos de aristocratas xiongnu na Mongólia

por. Thiago Marques
Publicado: Atualizado: 0 comentários 4 minutos de leitura

Arqueólogos chineses encontraram um conjunto de artefatos de aristocratas do povo xiongnu feitos de metais e pedras preciosas, incluindo dois dragões de prata dourada. A informação é do Xinhuanet.


Os objetos foram encontrados no centro-norte da Mongólia por arqueólogos chineses, integrantes de um projeto que investiga as tumbas dos aristocratas xiongnu. As escavações são um esforço conjunto entre pesquisadores chineses e mongóis e foram iniciadas em 2016.

A equipe chinesa concluiu em julho as escavações de um dos 400 túmulos mapeados pelo projeto. Nele, estavam contidos artefatos de ouro, prata, bronze, jade e madeira, além dos dois dragões de prata dourada.

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Local das escavações das tumbas dos aristocratas xiongnu no centro-norte da Mongólia. | via Xinhuanet


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O líder da equipe, Dr. Lan Wanli, falou sobre a descoberta.

“Os dragões, cada um com 8 cm de comprimento e com um gesto voltado para sua cauda vertical, apresentam óbvias características da dinastia [chinesa] Han ocidental (206 a.C. a 25 d.C.)”

Lan Wanli

Detalhes dos chifres, olhos, dentes e penas dos dragões foram esculpidos de forma requintada. Por este motivo, os  especialistas suspeitam que tenham feito parte de um vaso ornamental.

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Os dragões de prata dourada escavados podem ter sido parte de um vaso ornamental. | via Xinhuanet

Segundo, Lan os dois dragões de prata dourada servem como testemunho do intercâmbio cultural e das interações na pradaria do norte e do centro da China, mas também indicam que o dono da tumba possuía um status elevado na sociedade mongol.

Os xiongnu, controversamente identificados por muitos com os hunos, eram uma aliança de tribos nômades que surgiram por volta do final do século III a.C. A expansão de seu poder provocou um enorme impacto na história chinesa. Durante a dinastia Han, os xiongnu e a corte imperial chinesa entraram em choque por diversas vezes.

“O túmulo na Mongólia é mais antigo que a maioria dos túmulos aristocráticos dos xiongnu descobertos anteriormente na Rússia e na Mongólia.”

Lan Wanli
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Lan acrescentou que a equipe também encontrou no túmulo um gancho de cinto de jade, copos de madeira, um arreio para cavalo de couro e outros utensílios domésticos, além de carruagens e armas.

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Gancho de cinto de jade encontrado na tumba. | via Xinhuanet

“O fundo do caixão é coberto com uma camada de tecido, seguida por uma camada de painço com casca, com uma pequena quantidade de Chenopodium sp., coberta por outra camada de tecido, seguida por uma nova camada de painço com casca e uma grande quantidade de serragem, misturada com pequenos pedaços de carvão e Chenopodium sp., além de uma outra camada de tecido.”

Lan Wanli

Ele concluiu dizendo que esse tipo de arranjo foi encontrado pela primeira vez nos túmulos dos aristocratas xiongnu.

Quem foram os xiongnu?

Povo cuja identidade étnica é atribuída a diferentes povos pelos estudiosos, o fato incontestável é que os xiongnu apresentaram uma séria ameaça à China. Suas constantes invasões ao norte da China impeliram os defensores a construir muralhas que, certamente, serviram de inspiração para a construção da Grande Muralha da China mais de mil anos depois.

De acordo com registros chineses, os xiongnu abraçavam o xamanismo, adorando o céu, a terra, o Sol, a Lua e seus ancestrais. Em cerimônias especiais, eles sacrificavam cavalos brancos e bebiam seu sangue. Os cavalos eram animais de importância fundamental para esse povo, seja em tempos de paz ou de guerra.

Xamãs xiongnu

Xamãs xiongnu. | Museu da Província de Henan, Zhengzhou | via Flickr

Os xiongnu se tornaram uma força dominante nas estepes do nordeste da Ásia Central no século II a.C. A Mongólia foi o centro de poder desse povo, porém ocupavam também partes da Sibéria, Gansu e Xinjiang.


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As relações com os chineses alternaram entre períodos de conflito e de boas relações comerciais. Até mesmo casamentos mistos tiveram lugar na diplomacia entre os dois povos. No entanto, no final do século I d.C., os xiongnu do norte seriam expulsos da Mongólia pelo Império Chinês sob a dinastia Han. Já os xiongnu do sul seriam integrados à China.

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Um aristocrata xiongnu e seu cavalo. | Museu da Província de Henan, Zhengzhou | via Flickr

No século XVIII, o historiador francês Joseph de Guignes levantou a hipótese se que os xiongnu seriam precursores dos hunos. Ele chegou a essa conclusão devido à forma como os antigos eruditos chineses chamavam os xiongnu, de forma muito semelhante ao termo “huno”. Sua teoria foi corroborada por outros estudiosos, mas nunca se tornou um consenso. Os xiongnu do norte teriam seguido rumo ao oeste onde, mais tarde, seriam conhecidos como a força formidável sob Átila, no século V d.C.

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