Arqueólogos encontraram na Grécia numerosos artefatos valiosos em um vasto cemitério de guerreiros macedônicos do século VI a.C. A informação é do Archaeology & Arts.
As escavações em Achlada, sítio arqueológico situado a oeste da cidade de Flórina, tiveram início em 2014, lideradas pela arqueóloga Liana Gelou. O vasto cemitério funcionou por muitos séculos e já soma 1.290 sepulturas encontradas. Destas, a mais antiga data da Idade do Bronze. Entretanto, a maior parte data entre os séculos VI e III a.C, embora o cemitério tenha sido bastante utilizado no período bizantino (séculos IV a XV d.C.).
Durante os trabalhos de escavação deste ano, nada menos que 209 túmulos foram encontrados. Do total, 131 pertencem ao período bizantino e 75 são do período arcaico.
Seis dos túmulos se destacaram dos demais, sendo demarcados por um recinto funerário de lajes de ardósia e pedra solta, medindo 4 x 3,50 m. Nesses sepultamentos em particular, os mortos haviam sido colocados em covas, cerca de dois metros abaixo do nível do recinto, ou em sepulturas retangulares de pedra solta com piso pavimentado.
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Infelizmente, esses sepultamentos atraíram a atenção de saqueadores de túmulos devido ao seu tamanho monumental. No entanto, uma área específica do sítio arqueológico escapou aos saques, atestando a riqueza, a origem aristocrática, o caráter heroico e o papel de liderança de algumas famílias macedônicas na vida política e social da antiga região da Lincéstida,
durante a segunda metade do século VI a.C.
Dentre os objetos encontrados, há quatro elmos de bronze do chamado “tipo ilírico”, diferenciando seus proprietários em termos de armadura dos demais guerreiros enterrados em Achlada. Um desses túmulos, que foi parcialmente saqueado, contém, entre outras coisas: um dos elmos de bronze; uma greva de bronze; lanças de ferro; o modelo feito de ferro de uma carroça rural de duas rodas; uma folha de ouro; e solas de sapatos de prata.
A prática de cremação secundária (quando os mortos são cremados em um local e sepultados em outro lugar) foi executada em cinco dos sepultamentos. Um deles continha um grande vaso de bronze do tipo cratera, utilizado normalmente para misturar vinho e água. O vaso encontrava-se em condições relativamente boas de preservação. O objeto possui 0,55 m de diâmetro e uma alça esculpida com duas extremidades em forma de mãos humanas.
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As oferendas depositadas no túmulo sugerem tratar-se da cremação secundária de um guerreiro, a saber: duas espadas de ferro, duas lanças de ferro e um elmo de bronze do tipo ilírio dispostos ao redor do vaso, que havia sido coberto por uma laje de ardósia horizontal.
Além disso, foi encontrado um vaso esférico (aríbalo) de faiança juntamente com estatuetas de argila de uma forma feminina, sentada em um trono enquanto segura uma pomba, bem como a de uma esfinge igualmente entronada, portando uma lira.
Dois vasos esculpidos com uma forma feminina em pé também foram encontrados junto com o busto de uma figura masculina mítica, possivelmente Herácles. A imagem esculpida possui uma pele de um animal na cabeça e data do período arcaico.
Foi encontrada ainda uma máscara de ouro na vala de um homem coberta com alvenaria solta. Embora o túmulo tenha sido saqueado e perturbado, os seguintes artefatos foram salvos além da máscara funerária: um anel de ouro, um broche de prata com dois pinos, partes de espadas de ferro e espigões de ferro, tesselas de âmbar, uma bacia de bronze e um vaso.
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Achladas é o terceiro sítio arqueológico da região da Macedônia onde uma máscara funerária foi encontrada. A máscara confirma parcialmente a versão literária, através de mitos genealógicos, sobre a origem dos reis da Macedônia (Temeno e os Baquíadas) originários de Argos e Corinto, respectivamente, tendo Herácles como seu herói ancestral. Também destaca, juntamente com vários outros achados da Macedônia, a afinidade cultural com as tribos dóricas.
Finalmente, foram descobertas ainda duas sedes de fazendas romanas contando com instalações para produção e oficinas parcialmente construídas sobre túmulos pré-históricos, arcaicos e clássicos.
O sítio arqueológico de Achlada está situado dentro dos limites de uma mina de linhita pertencente a uma empresa privada. O Eforado de Antiguidades de Flórina está monitorando as atividades de mineração e realiza sistematicamente escavações experimentais bem como operações de resgate de tesouros arqueológicos.
Fonte da imagem destacada: Pinterest