Arqueólogos marítimos utilizaram uma técnica inovadora para drenar o mar e investigar construção submersa nas ruínas de Salamina. A informação é do Tornos News.
O Ministério da Cultura e Esportes da Grécia anunciou uma grande descoberta feita por arqueólogos marítimos na ilha de Salamina. Mergulhadores e pesquisadores descobriram uma construção monumental em local próximo a uma das batalhas navais mais importantes da história: a Batalha de Salamina (480 a.C.).
A pesquisa submarina foi levada a cabo pelo Instituto de Pesquisa Arqueológica Marinha, em conjunto com o Eforado de Antiguidades Submarinas do Ministério da Cultura e Esportes. Os trabalhos foram realizados pelo terceiro ano consecutivo, em junho e julho de 2018, reunindo especialistas de trinta disciplinas diferentes, liderados pela Dra. Angeliki Simosi e pelo Prof. Yiannos G. Lolos.
Os trabalhos foram realizados na área compreendida pela península de Kynosoura e pela Baía de Ampelaki, em Salamina. A baía foi o local de encontro da fração principal da marinha grega às vésperas da grandiosa batalha naval do século V a.C.
Uma técnica inovadora
O anúncio do ministério destacou três pontos de grande importância para a descoberta:
- O emprego com sucesso de uma nova técnica “anfíbia” para investigar vestígios antigos em águas rasas;
- A continuação das escavações de uma grande construção pública antiga, revelando exemplares de esculturas de mármore gregas;
- Foram adquiridos dados sobre os sedimentos marinhos que contribuíram, juntamente com outros elementos geofísicos e arqueológicos, para a reconstrução da paleogeografia da área, especialmente em relação ao formato da Baía e dos estreitos na época da Batalha de Salamina.
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A técnica inovadora foi utilizada na investigação do grande monumento submerso, localizado na porção nordeste da atual Baía de Ampelaki. Consistiu de uma barreira flexível instalada pela empresa KP Engineering, com a função de drenar a água do mar, permitindo o uso conjunto de métodos e meios técnicos para escavações submarinas e terrestres no local.
Com o uso dessa técnica anfíbia, foram desenterradas grandes fundações de plintos de pedra da edificação. A construção era um templo ou estoa, um corredor ou pórtico coberto de uso público. Provavelmente, foi erigida em finais do Período Clássico ou no alvorecer do Período Helenístico. Seria utilizada integral ou parcialmente até o Período Romano tardio (século III d.C.).
Os tesouros submersos
A construção monumental encontra-se hoje submersa em lama e parece estar posicionada em um eixo Norte-Sul, medindo 15 metros de comprimento. O lado leste da fundação compõe a base de um píer sólido posterior, construído há pelo menos 200 anos, a partir dos materiais da antiga edificação.
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As escavações renderam numerosas cerâmicas, principalmente do Período Helenístico, mas também do Período Clássico tardio ao Período Romano; uma coleção valiosa de fragmentos de estátuas de mármore; e elementos arquitetônicos como colunas ou pedestais, entre outros objetos.
Dentre as obras de mármore, foi encontrada a cabeça da estátua de um jovem, possivelmente um atleta ou um deus. A escultura data do século IV a.C. É a primeira vez que algo do tipo é encontrado nas ruínas de Salamina.
O geógrafo e viajante grego Pausânias registrou no século II d.C. que as partes mais baixas da cidade já encontravam-se em ruínas. No entanto, ainda não se sabe como a grande edificação foi parar no mar. É possível que tenha sido consequência da elevação do nível do mar ou devido a um terremoto.
A Batalha de Salamina
O confronto opôs a frota grega, liderada por Temístocles, e a persa, comandada por Xerxes I, em 480 a.C. A batalha resultou em uma importante vitória por parte da aliança entre cidades-estados gregas frente à invasão do Império Persa.
Temístocles concentrou uma frota de mais de 300 trirremes em Salamina contra cerca de 1.200 navios persas. Enquanto isso, espartanos e coríntios montavam uma defesa no Istmo de Corinto. Atraindo a frota persa para o espaço exíguo do estreito, os gregos conseguiram utilizar o enorme tamanho das forças persas contra os próprios.
A batalha foi reimaginada no filme de Zack Snyder, 300: A Ascensão do Império, baseado, por sua vez, na obra em quadrinhos de Frank Miller.