Arqueólogos da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) encontraram um raro caldeirão de bronze romano na Noruega central. A informação é do PHYS.org.
O caldeirão de bronze abrigava os restos mortais do corpo cremado de um individuo falecido entre os anos 150 e 300 d.C. na atual Gylland. O local está situado no vale do rio Gaula, no sul do condado de Trøndelag, Noruega.
O recipiente foi então coberto ou envolto em casca de bétula antes de ser enterrado sob centenas de quilos de pedra.
A equipe de pesquisadores do Museu da NTNU encontrou o raro objeto ao erguer uma laje de pedra. A arqueóloga Ellen Grav Ellingsen filmou a descoberta com seu celular quando a rocha foi removida.
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“Nós examinamos o local com o detector de metais e sabíamos que havia algo sob uma das lajes de pedra no monte de pedras funerário.
Quando vi o que estava ali, minhas mãos ficaram tão trêmulas que mal conseguia filmar. Esta é uma descoberta que um arqueólogo tem sorte em experimentar uma vez em sua carreira!”
O cemitério de Gylland é um dos dois que os arqueólogos do Museu da NTNU estão investigando. Os trabalhos estão relacionados às obras de construção de uma nova rodovia ao sul da cidade de Trondheim.
Esses recipientes eram fabricados na Itália ou nas províncias romanas da região do rio Reno. É provável que o objeto tenha chegado à Escandinávia como resultado de comércio ou de troca de presentes. Tais recipientes eram produzidos em massa e, possivelmente, destinados à exportação para a península do norte da Europa. Ali, eram frequentemente utilizadas como urnas funerárias.
Reservado aos membros mais afluentes da sociedade
Segundo a arqueóloga Moe Henriksen, diretora da escavação em Gylland, embora objetos assim tenham sido produzidos em larga escala, o caldeirão é considerado um achado raro.
“A última descoberta de um recipiente de bronze na Noruega central foi na década de 1960. Nacionalmente, conhecemos cerca de 50 recipientes desse tipo específico.”
Vasos de bronze, jarros de vidro e objetos semelhantes eram importados pelas camadas mais elevadas da sociedade. A descoberta do caldeirão serve como testemunho do poder e da prosperidade na região no período romano.
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“Essa riqueza provavelmente estava ligada ao tráfego comercial e à proximidade de Gylland de importantes recursos terrestres, como o pântano de ferro, que foi a base da extensa produção de ferro em Trøndelag no período romano.”
Em busca de outros itens no interior do caldeirão
O recipiente estava em péssimas condições quando foi encontrado. É provável que a pressão das pedras o tenha comprimido. Marcas de reparos visíveis em várias partes do objeto mostram que ele já havia sido bastante usado antes de ser depositado no túmulo.
“O caldeirão está atualmente sendo examinado mais de perto no laboratório de conservação da NTNU. Um raio-X do recipiente mostrou que ele não contém objetos de metal.
Porém, os restos de material orgânico, como pentes e agulhas feitos de osso, ainda podem estar ocultos no solo no interior do caldeirão. Nas próximas semanas, saberemos se outros objetos acompanharam o falecido ao túmulo.”
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Um cemitério utilizado por séculos
Os grandes montes de pedra funerários em Gylland e datações recentemente realizadas mostram que eles foram usados para enterros durante centenas de anos. Os ossos contidos no caldeirão datem por volta de 150 a 300 d.C., porém foram feitas também descobertas muito mais antigas em níveis mais profundos no local, datando de 490 a 360 a.C..
“Ainda não chegamos ao fundo do sítio arqueológico, por isso é possível que façamos novas descobertas ainda mais antigas. Isso seria muito interessante, porque sabemos muito pouco sobre os costumes funerários daquela época.”