Arqueólogos paquistaneses descobriram restos de uma oficina metalúrgica do Período Indo-Grego que remontam ao século II a.C. A informação é do Dawn.
A descoberta, relatada na quinta-feira (25), foi realizada em um sítio arqueológico em Peshawar, capital da província Khyber Pakhtunkhwa, região noroeste do Paquistão. Segundo o professor da Universidade de Peshawar, Gul Rahim, a escavação teve início há três anos.
Dentre os objetos encontrados, ele afirmou haver moedas do Período Indo-Grego com cerca de 2.200 anos. Os indo-gregos migraram do Afeganistão ao atual Peshawar, governando a região durante cerca de 150 anos.
“As relíquias encontradas mostram que o local era uma espécie de oficina metalúrgica, visto termos encontrado fundições de ferro, moldes, colheres de pedreiro, facas e brocas que eram utilizadas na oficina. É provável que a oficina também tenha produzido flechas, arcos, adagas e espadas.
O sítio arqueológico mostra que a oficina era dividida em blocos, ao passo em que restos de fornalhas, rebolos e outros vestígios da época ainda são claramente visíveis. Esta é a primeira descoberta de uma oficina indo-grega organizada na província até o momento.”
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Por outro lado, o material utilizado para a construção da oficina dificultou a sua conservação, como afirmou o arqueólogo Mohammad Naeem.
“Comparado a sítios arqueológicos budistas construídos utilizando alvenaria de tijolos, este sítio foi feito de argila, por isso foi difícil mantê-lo preservado.”
Ele disse ainda que vestígios do período indo-grego também foram encontrados no complexo arqueológico de Gor Khatri.
O Reino Indo-Grego
A origem do Reino Indo-Grego remonta à expansão imperial por Alexandre, o Grande, conquistando a região noroeste do subcontinente indiano em 326 a.C. Ele reproduziu ali o modelo administrativo das satrapias persas, nomeando como sátrapas generais de seu exército, bem como reis e príncipes locais. A partir daí, uma série de conflitos e tratados entre gregos e indianos se sucedeu. Em 305 a.C., uma invasão liderada por Seleuco I Nicátor encontrou as forças de Chandragupta Máuria. O conflito foi resolvido com um tratado que estabeleceu casamentos mistos entre os povos (epigamia).
Aproximadamente em 239 a.C., foi fundado por Diódoto I, sátrapa da Báctria, o Reino Greco-Báctrio. A região, que pertencia ao Império Selêucida, compreende os atuais Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Tajiquistão, além do noroeste da Índia. A sua dinastia, no entanto, seria derrubada por Eutidemo I em 230 a.C. ou 223 a.C. O filho deste último, Demétrio I, liderou tropas pela cordilheira Indocuche conquistando territórios onde gregos já viviam, como a Aracósia. Ele viria a ser o fundador do Reino Indo-Grego. Além disso, ficou conhecido como “O Invencível” (Anicetus), por nunca ter perdido uma batalha.
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Durante o século I a.C. o reino perdeu bastante território para indianos, partas, citas e yuezhis. Viria a encontrar o seu fim após o reinado de Estratão II em 10 d.C. Como legado, o Reino Indo-Grego contribuiu para o processo de helenização do subcontinente indiano, deixando marcas importantes dessa fusão cultural. Uma das mais importantes é certamente o greco-budismo, que se desenvolveu durante oito séculos. De fato, o primeiro ocidental registrado como tendo se convertido ao budismo foi um outro rei indo-grego Menandro I (c.150 a 130 a.C).