Um possível túmulo de uma guerreira eslava foi identificado no cemitério viking da ilha dinamarquesa de Langeland. A informação é do Science in Poland.
A sepultura foi identificada pelo Dr. Leszek Gardeła. Arqueólogos haviam descoberto o túmulo há vários anos no cemitério viking de Langeland. No entanto, eles não haviam notado um típico machado eslavo. Até agora.
Mulheres guerreiras vikings foram popularizadas nos últimos anos na cultura popular através da série de TV Vikings. O Dr. Leszek Gardeła, do Departamento de Línguas e Literaturas Escandinavas da Universidade de Bonn, decidiu dar uma olhada mais de perto neste assunto tão pouco pesquisado.
“Durante a busca em arquivos e museus, me deparei com o túmulo de uma mulher enterrada com uma arma em um cemitério medieval, na ilha dinamarquesa de Langeland. Até agora, ninguém havia prestado atenção ao fato de que o machado no túmulo é originário da área ao sul do Báltico, possivelmente da atual Polônia”.
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Segundo o pesquisador, tanto a forma do sepultamento — um túmulo de câmara com um caixão adicional — quanto a arma descoberta, sugerem que a mulher enterrada ali poderia ser originária do território da atual Polônia. Portanto, ela poderia ser eslava. Sabe-se que o enterro tem pouco mais de mil anos, como evidenciado por uma moeda árabe do século X encontrada no túmulo. O cientista enfatiza que aquela era a única sepultura no cemitério que continha armas.
Gardeła destaca que a presença de uma possível mulher eslava enterrada em um cemitério dinamarquês não é necessariamente surpreendente.
“A presença de guerreiros eslavos na Dinamarca foi mais significativa do que se pensava — uma constatação fruto de pesquisas recentes. Durante a Idade Média, esta ilha era um caldeirão de elementos eslavos e escandinavos.”
O objetivo do extenso projeto do Dr. Gardeła é coletar todas as informações sobre sepulturas de mulheres dos séculos IX e X na Dinamarca, Suécia e Noruega que contenham armas. Até agora, acreditava-se que havia cerca de 20 deles. Graças ao trabalho do pesquisador polonês, esse número aumentou em mais 10, incluindo o túmulo da suposta “mulher eslava”.
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As sepulturas das mulheres são mais frequentemente dotadas de machados e, com menor frequência, pontas de flechas ou lanças. Além de armas reais, em numerosas sepulturas femininas há também miniaturas de armas na forma de, por exemplo, pequenos escudos, machados ou espadas.
É ainda um mistério para os pesquisadores se isso significa que aquelas mulheres eram guerreiras. Os antigos textos islandeses, especialmente as chamadas sagas lendárias, além das belicosas e belas Valquírias, também mencionam dragões, trolls e… tapetes voadores.
“Há muitas mulheres guerreiras — elas participam de expedições inteiramente equipadas. Elas até comandam exércitos inteiros ao ataque.”
Na maioria das sepulturas desse período, os ossos não se encontram preservados. Portanto, é difícil dizer como as pessoas enterradas ali morreram ou confirmar inequivocamente seu sexo. Os pesquisadores estão convencidos de que alguns dos túmulos contendo armas são de mulheres. Itens adicionais encontrados nas sepulturas, como ornamentos e joias tipicamente femininos reforçam essa hipótese.
“Felizmente, no caso do túmulo da suposta mulher eslava, os ossos permaneceram conservados. Porém, não há feridas visíveis que possam indicar a causa da morte.”
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Infelizmente, nem sempre é possível determinar de forma inequívoca o propósito das armas encontradas nas sepulturas das mulheres.
“Alguns dos machados estão tão mal preservados que tais análises não são possíveis. Aqueles que estão em melhores condições parecem ter sido depositados no túmulo logo após terem sido fabricados — talvez devido ao fato de que suas lâminas tivessem sido afiadas, consequentemente, não há entalhes neles. No entanto, é possível que algumas armas tenham sido feitas especificamente para o funeral.”
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Baseado em sua pesquisa, Gardeła conclui que, no mundo dos vikings, as mulheres usavam armas apenas ocasionalmente e que as histórias de amazonas são lendas. Elas, às vezes, usavam armas para fins ritualísticos (por exemplo, cerimônias mágicas ou de adivinhação) ou em legítima defesa. No entanto, não foi um fenômeno comum.
O Dr. Leszek Gardeła planeja publicar uma monografia sobre este tema em 2020 como parte do projeto Amazonas do Norte, desenvolvido na Universidade de Bergen e na Universidade de Bonn.
Este ano, o pesquisador publicou suas descobertas no livro Magia, kobiety i śmierć w świecie wikingów (Magia, mulheres e morte no mundo dos vikings).
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