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Encontrados fragmentos de pergaminho sobre Merlim na Inglaterra

por. Thiago Marques
Publicado: Atualizado: 0 comentários 4 minutos de leitura

Fragmentos de pergaminho do século XIII sobre Merlim podem reescrever as Lendas Arturianas.


Foram encontrados nos arquivos da Biblioteca Central de Bristol, Inglaterra, fragmentos de pergaminho sobre a história do mago Merlim. No total, foram encontrados sete fragmentos originais, escritos a mão no século XIII. Eles estavam dentro de um livro do século XVI de autoria do estudioso e reformador francês Jean Gerson (1363-1429), sem qualquer relação com as lendas do Rei Artur.

Acadêmicos das Universidades de Bristol e Durham estão analisando os sete fragmentos. Supõe-se que pertençam a uma série de textos em francês antigo conhecidos como Ciclo da Vulgata ou Ciclo Lancelote-Graal.

No detalhe: o nome "Merlim" escrito em pergaminho | Foto: University of Bristol | manuscrito medieval em pergaminho sobre as Lendas Arturianas

No detalhe: o nome “Merlim” escrito em pergaminho | University of Bristol

Os manuscritos contam a história da Batalha de Trèbes, na qual Merlim inspira as forças de Artur com um discurso inflamado. Ele, então, lidera um ataque portando o Estandarte do Dragão, que cuspia fogo de verdade, pertencente a Sir Kay.

Acredita-se que partes do Ciclo da Vulgata foram provavelmente utilizadas por Sir Thomas Malory (1415-1471) para escrever seu famoso trabalho Le Morte D’Arthur (A Morte de Artur), publicado em 1485. A obra tornou-se a fonte principal para diversas releituras das Lendas Arturianas. No entanto, nenhuma versão do Ciclo da Vulgata é comprovadamente igual à que ele parece ter consultado para redigir Le Morte D’Arthur.

A princípio, os fragmentos encontrados apresentam algumas diferenças sutis em comparação à narrativa tradicionalmente contada. Os personagens responsáveis por liderar as quatro divisões do exército de Artur são diferentes. O inimigo do Rei Artur e de Merlim, Rei Claudas, é ferido na coxa nas versões tradicionais. Entretanto, nos fragmentos encontrados não há especificação do local do ferimento.

A descoberta

O bibliotecário Michael Richardson foi o responsável pelo achado. Ele estava à procura de materiais para estudantes do Mestrado em História Medieval. Ao reconhecer diversos nomes típicos das Lendas Arturianas, entrou em contato a Dra. Leah Tether da International Arthurian Society. Imediatamente, ela reconheceu o texto e reuniu uma equipe de especialistas para maiores investigações.

“Esses fragmentos da História de Merlim são um achado maravilhosamente emocionante, que podem ter implicações para o estudo não apenas deste texto, mas para outros relacionados e mais tardios que moldaram nosso entendimento moderno sobre a Lenda Arturiana.

 

Tempo e pesquisa revelarão que outros segredos sobre as lendas de Artur, Merlim e o Santo Graal esses fragmentos podem carregar.

 

O sudoeste da Inglaterra e o País de Gales estão, é claro, intimamente ligados aos muitos locais famosos da Lenda Arturiana, então é ainda mais especial encontrar um fragmento tão antigo da lenda — anterior a qualquer versão escrita em inglês — aqui em Bristol.”

Leah Tether
Da esquerda para a direita: Leah Tether, Laura Chuhan Campbell, Michael Richardson e Benjamin Pohl na Sala de Livros Raros da Biblioteca Central de Bristol | University of Bristol

Da esquerda para a direita: Leah Tether, Laura Chuhan Campbell, Michael Richardson e Benjamin Pohl na Sala de Livros Raros da Biblioteca Central de Bristol | University of Bristol

Os próximos passos

Os pesquisadores pretendem descobrir como os fragmentos chegaram a Bristol, bem como quando e onde foram produzidos. Pretendem desvendar também como foram parar dentro do livro de Gerson. A partir daí, realizarão uma transcrição e uma edição do material, juntamente com uma descrição do contexto da elaboração do manuscrito. Desejam, com isso, possibilitar aos estudiosos mundo afora consultá-los apropriadamente.

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Veja também: A mitologia grega e as lendas arturianas por John William Waterhouse

A equipe declarou que, caso o texto fosse impresso em papel moderno, tomaria cerca de vinte páginas. Afirmaram também que existem alguns danos no texto, o que tomará mais tempo para que seja decifrado integralmente. Serão utilizadas análises inovadoras e técnicas com radiação infravermelha para contornar o problema.

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