O piso de um templo dedicado à deusa Astarte com origem no neolítico foi descoberto em escavações no sítio arqueológico de Tas-Silġ, Malta. A informação do Times of Malta.
Em um comunicado, o Ministério da Cultura do país insular afirmou que o piso de 2.000 anos do Templo de Astarte foi descoberto em uma “casa de fazenda”, com vários restos mortais no local. A remoção dos pisos da casa de fazenda revelou uma série de pavimentos e camadas de preparação.
Segundo o ministro da cultura, Owen Bonnici,
“O sítio arqueológico em Tas-Silġ contém os restos de mais de 4.000 anos de estruturas, a maioria das quais foram usadas para fins religiosos.”
Veja também: Estrada Sagrada que conduz a santuário de Hécate é descoberta
O templo ganhou notoriedade através do senador romano e orador, Cícero, quando este fez referência a ele em um discurso de acusação contra Caio Verres. Foi construído pelos cartagineses como um templo púnico a Astarte após a conquista de Malta, aproximadamente em 700 a.C. A construção incorporou elementos de um templo anterior que permaneceram de pé. Durante o período romano, o local seria convertido em um templo à deusa Juno, esposa de Júpiter.
Ao longo de vários anos, a Missão Arqueológica de Malta e o Departamento de Estudos Clássicos e Arqueologia da Universidade de Malta realizaram escavações extensivas no local. O departamento tem utilizado a escavação para treinar seus alunos em práticas arqueológicas. A estreita colaboração também é realizada nesta e em outras escavações com a Superintendência do Patrimônio Cultural.
Uma casa de fazenda situada no local está sendo restaurada e será transformada em um centro de visitantes equipado com interpretações digitais.
Veja também: Vasta necrópole originada na Idade do Bronze é descoberta em Chipre
O projeto é apenas o primeiro passo de um plano de longo prazo que a agência maltesa de museus Heritage Malta está implementando para o sítio arqueológico. Isso inclui a finalização de um plano de manejo e um plano de conservação.
Astarte
Astarte é a forma helenizada de Ashtart, também conhecida por Ishtar (semítico oriental) ou Ashtoreth/Astorete (levantino). Cultuada por diversos povos como fenícios, cananeus, egípcios, hebreus, assírios e babilônios, era conhecida como Vênus Ericina pelos romanos.
Associada à guerra, ao amor, fertilidade, sexualidade e vitalidade, tinha o deus Baal/Ba’al como seu consorte entre os antigos hebreus. A trajetória destes últimos rumo ao monoteísmo acabou por relegar esses deuses ao inglório status de demônios. Astarte é a provável origem do nome do grão-duque do inferno Astaroth, representado em forma masculina.
Na Bíblia, Ashtoreth é adorada em bosques nomeados em referência a ela (“asherah“). Nesses locais, é representada como um pilar de madeira ou o próprio bosque. Em uma passagem do Livro dos Juízes, Jeová faz com que Gideão destrua os santuários de seu pai para Baal e Ashtoreth. Ele o faz no meio da noite sob o manto da escuridão. Assim procedeu pois estava com muito medo das repercussões de cometer tal ato em plena luz do dia.
Fonte da imagem em destaque: Eden Saga
1 comentário
Parabéns pela matéria. Foi muito instrutivo. Fui levado a esta pesquisa quando estava lendo 1 Samuel 31.10, quando fala que as armas de Saul [já morto] foi exposta no templo de Astarote.