A estudante de mestrado Karen Fleming, com a reconstrução da face de Hilda, a druidesa. | Foto: University of Dundee
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Estudante reconstrói rosto de druidesa que viveu há 2.000 anos

por. Thiago Marques
Publicado: Atualizado: 0 comentário 7 minutos de leitura

Uma estudante da Universidade de Dundee na Escócia reconstruiu o rosto de uma mulher que acredita-se ter sido uma druidesa e que viveu há 2.000 anos. A informação é da BBC.


Apelidada de Hilda, a mulher, que acredita-se ter origem celta, tinha cerca de 60 anos quando morreu. Ela viveu nas ilhas Hébridas Exteriores (ou Ilhas Ocidentais) da Escócia durante a Idade do Ferro das Ilhas Britânicas, tendo falecido em algum momento entre 55 a.C. e 400 d.C.

Seu crânio está sendo preservado na coleção de anatomia da Universidade de Edimburgo. Ali, ele foi apresentado pela primeira vez à Sociedade Frenológica de Edimburgo em 1833, como sendo uma das seis “Druidas das Hébridas”.

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Crânio preservado da druidesa Hilda. | Foto: University of Dundee

Especialistas acreditam que sua relativa longevidade sugere que ela poderia ter desfrutado de um status elevado, visto que a expectativa média de vida das mulheres na época girava em torno de 30 anos.

Para capturar as características únicas de Hilda, o crânio original foi escaneado na Universidade de Dundee.

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Recriação digital da face da druidesa Hilda a partir do escaneamento do crânio. | Foto: University of Dundee


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Karen Fleming, uma estudante de mestrado em arte forense da universidade, foi a responsável pela reconstituição facial da sacerdotisa.

“Hilda foi uma personagem fascinante para recriar. Primeiro eu coloquei os músculos faciais e então adicionei a pele, começando a resultar em um rosto real.

 

Tira-se medidas do crânio e das orelhas e, caso tenham dentes, você pode tirar uma medida para [recriar] os lábios.

 

O crânio deixa claro que ela era desdentada quando morreu, o que não é muito surpreendente considerando a dieta das pessoas daquela época, mas é impressionante o quanto de tempo ela viveu.”

Karen Fleming
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Karen Fleming, ao lado de sua (re)criatura, a druidesa Hilda. | Foto: University of Dundee

Com o uso da réplica em 3D, Karen começou a construir o rosto usando cera, um processo que ela descreveu como meticuloso. Por muitas vezes, ela teve que lutar contra os dias quentes de verão para garantir que Hilda não derretesse.

“Eu não tenho ideia de onde veio o nome Hilda, mas ela parecia com uma Hilda.

 

Eu ouvi falar de druidas da forma como as pessoas os imaginam nos dias de hoje. Não há fatos confiáveis que comprovem que eles sequer tenham existido ou que tenham existido na forma como foram retratados na literatura clássica.”

Karen Fleming

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Druidas

O termo druida era uma palavra comum na antiga língua celta. Geralmente referia-se a um especialista em magia ou religião, que comunicava-se com os deuses ou era capaz de predizer o futuro. O termo é amplo o bastante para tornar difícil aos estudiosos provar o que de fato eram os druidas.

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Colheita do visco, planta sagrada para os druidas. | via Mark Rees

Ronald Hutton, professor de história na Universidade de Bristol, é especialista no assunto “druidas”. Em seu livro The Druids: A History ele explora o que as pessoas pensavam sobre os antigos druidas.

“Certamente havia druidas na Escócia, pela razão muito pedante que os antigos escoceses falavam uma língua celta. Como druida é a palavra em sua língua para um especialista em magia ou religião, eles devem ter tido druidas.

 

O problema é saber o que a palavra realmente significa na prática. Uma vez que há muitas línguas celtas faladas por muitos povos celtas da Idade do Ferro, ela pode significar todo tipo de coisa: um ferreiro que brinca com magia em paralelo… ela poderia ter sido uma chefe ou membro de uma família de elite.”

Ronald Hutton

Como resultado da abrangência do termo, é difícil saber o papel de Hilda na sociedade em que estava inserida.

O relato de Júlio César

“Sabemos que havia druidas do sexo feminino, bem como druidas masculinos, porque fontes romanas perto do fim do Império Romano mencionam druidesas.

 

Uma vez que o que essas druidesas estão fazendo [nos relatos], lendo a sorte frequentemente em tavernas, elas não são figuras poderosas. Mas então, como eu digo, druida é simplesmente a palavra celta para qualquer um que lide com magia ou religião.

 

Nas sociedades de língua celta você poderia ter druidas, desde tomadores de decisão realmente importantes na sociedade, até alguém sentado em uma taverna lendo as palmas das mãos. Ambos são druidas.”

Ronald Hutton
La Druidesse (1868), de Alexandre Cabanel

A Druidesa (1868) | La Druidesse | Alexandre Cabanel | via Wikipedia


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Outras atribuições foram conferidas aos druidas nos tempos antigos. Além de questões espirituais, possuíam funções  jurídicas, culturais, médicas, bem como de aconselhamento político dos líderes das tribos.

Alguns de nossos conhecimentos acerca dos druidas são derivados dos escritos de Júlio César, que deparou com eles durante suas conquistas. Porém, seus relatos são considerados por algumas pessoas como não confiáveis.

“Há problemas, sendo o primeiro que César é um mentiroso inveterado, como as pessoas diziam na época. Ele é um propagandista muito habilidoso que poderia facilmente ter deturpado o que os druidas são para justificar a conquista de suas terras.

 

Outro problema é que a passagem sobre os druidas nos livros de César pode não ter sido escrita por César. Ela se destaca como um polegar dolorido e contradiz o que o próprio César diz no texto. Há grandes problemas em tratá-la como confiável.”

Ronald Hutton
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